Pense a respeito do melhor professor que você já teve em toda a vida. Alguém que te inspirou, que te motivou, e provavelmente mudou a trajetória da sua vida.
Talvez ele tenha sido seu treinador, um professor do ensino médio ou da faculdade, ou mesmo um parente – isso não importa.
Agora, lembre do seu rosto.
Lembrou?
Quando você pensa nessa pessoa, qual dessas coisas vem à sua mente?
- Uma lição de vida que essa pessoa te deu
- Um objetivo pessoal que essa pessoa te ajudou a conquistar
- Em como essa pessoa fez você se sentir
Se você for como a maioria das pessoas, não há dúvidas: A resposta é C.
A lição extra deste exercício é simples: os melhores professores não são tão bons somente por que eles detém informações e as ensinam. Eles são bons pois eles criam conexões duradouras. Isso não tem a ver com as palavras que eles dizem, mas sim, tem a ver com a maneira que ele te faz se sentir.
Não falo aqui de meras habilidades inter-sociais. Estou falando aqui sobre a habilidade que David Foster Wallace estava se referindo quando escreveu isso:
Um líder real pode de alguma maneira fazer com que façamos algo que bem lá no fundo pensamos ser bom e que gostaríamos de fazer, mas não conseguimos fazer por nós mesmos. Esta é uma qualidade misteriosa, difícil de definir, mas nós a reconhecemos quando vemos, mesmo quando éramos crianças. Você provavelmente lembrará dessa qualidade em alguns de seus professores ou líderes, ou em alguma criança mais velha que você se espelhou querendo ser igual a ela. Alguns de nós lembraremos, quando crianças, de encontrar essa qualidade em um representante de classe, um escoteiro, um parente ou amigo de um parente, um supervisor de um estágio. Sim, todas essas são figuras de autoridade, mas eles representam um tipo especial de autoridade… A autoridade real de um líder é aquele poder que você dá voluntariamente a ele, cedendo isso sem ressentimento ou resignação mas com felicidade, pois isso te parece o certo a fazer. Mais profundamente, você quase sempre gosta de como esse líder faz você se sentir, enquanto trabalha duro para fazer coisas que nunca faria por si próprio sem a presença dele.
Isso nos leva a uma outra questão: como encontrar professores assim, para nós mesmos e para nossas crianças? E como desenvolver essas qualidades em nós mesmos?
Acho que seria bom começar discutir essa questão identificando alguns padrões que encontrei em minha pesquisa científica: três coisas simples que os mestres tendem a fazer:
Bons professores são excepcionalmente bons em uma conversa curta
A maioria dos grandes professores não começam a aula ensinando. Eles começam se conectando. Eles querem conversar, envolver, perceber como você está, quem você é, e o que te motiva.
Alguns anos atrás, o Dr. Mark Lepper de Stanford organizou um extenso estudo baseado em vídeos sobre os hábitos dos professores de matemática mais bem sucedidos, e descobriu um fato curioso: os melhores professores começavam suas aulas com uma conversa descompromissada. Eles falavam sobre o clima, sobre a escola, ou a família – qualquer coisa que não fosse matemática.
Isso parece sem sentido, até considerar o papel que uma simples conversa tem ao construir uma relação de confiança. Nós não confiamos naturalmente nas pessoas, e essas pequenas conversas abrem portas para a confiança e para o aprendizado.
Bons professores fazem muitas perguntas
Nós instintivamente pensamos que grandes professores são repositórios de sabedoria, que fazem palestras brilhantes demonstrando erudição e cultura. Isso é uma idéia completamente falsa. De Sócrates até John Wooden, notamos que bons professores são aqueles que fazem as perguntas certas, não aqueles que dão as respostas.
A pesquisa de Lepper mostra que os professores bem sucedidos passam 80 a 90% do seu tempo fazendo perguntas. Eles não buscam ditar a verdade, mas eles estão fazendo algo ainda mais importante: criando uma plataforma onde o aprendiz se empenha para buscar as respostas certas.
Geno Auriemma, treinador do time feminino de basquete da Universidade de Connecticut, é particularmente bom nisso. Lemos isso num recente relato:
Aqui está uma frase que Auriemma pronuncia o tempo todo para seus jogadores. “Figure it out!” (que tem o sentido de descubra! Se vira! Perceba!)
Quando ele diz uma vez, ele repete uma centena de vezes. E, cada vez que um dos jogadores olha para ele com cara de interrogação, perguntando: “O que eu faço agora?” Ele pára o treino.
“Figure it out! [descubra]” o treinador insiste. “O que você acha que deve fazer? Por que você precisa que eu te fale a todo o tempo o que você deve fazer?”
Bons professores têm um bom senso de humor
Sim, existem professores ultra-sérios por aí que raramente mostram um sorriso (estou de olho em vocês, professores de música), mas a grande maioria dos grandes professores usam o senso de humor da mesma maneira que poderiam usar um canivete suíço: uma ferramenta social multi-uso. Humor pode relaxar a tensão, criar um terreno comum e construir inter-relações. Em outras palavras, ser legal não é apenas ser legal – é também ser inteligente.
O que no final, nos traz à próxima pergunta: quais outras habilidades devemos adicionar a esta lista? Quais habilidades são fundamentais aos grandes professores, e como eles te fazem uma pessoa melhor? Estou ansioso por saber o que você pensa a respeito.
Este artigo não foi escrito por mim, mas por Daniel Coyle, autor do livro “The Talent Code”, com tradução para o português “O código do Talento” e pode ser lido no original no link abaixo:
http://thetalentcode.com/2014/04/15/3-simple-things-great-teachers-do/
1 Comment to "Três coisas simples que professores excelentes fazem"
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Este texto e fantástico, realmente os melhores mestres que tive conversavam coisas do cotidiano e eu sempre os admirei por isso é sempre aprendo muito com eles.
Bom texto para refletir que tipo de prof eu sou?
Espero ser uma prof que leva amizade, respeito e conhecimento aos meus alunos, com eles mais aprendo que ensino.